quarta-feira, 10 de junho de 2009

Conclusão

A produção desse catálogo oportunizou ressaltar o
papel primordial dessas coleções como fonte de informações,
que, documentadas, se tornam referências para a pesquisa
científica assim como instrumento de transmissão de conhecimentos,
desempenhando seu papel social, porquanto a contextualização
museológica da coleção Karajá, obtida através
da formação do catálogo, pôde exemplificar o que as coleções
etnográficas mostram ser na realidade, a saber, documentos
materiais que, ao serem estudados, demonstram a
relevância do tema como instrumento de análise e compreensão
de determinado grupo étnico (RIBEIRO; VAN VELTHEM,
1992; DOMINGUES-LOPES, 2002).

A documentação, como foi realizada com a coleção
Natalie Petesch, mostrou-se importante porque, além do conhecimento
antropológico e histórico que pôde ser reunido, as peças
puderam também ser analisadas de outras perspectivas, como
através da estética do grupo, por exemplo, que se expressou na
variedade de pinturas e motivos decorativos detectados nessas
produções, assim como de suas relações com o meio ambiente
do qual extraem a matéria prima necessária (LINHARES, 2004).

Esses aspectos têm relação com a importância da determinação
tipológica de coleções etnográficas, pois tais exames detalhados
podem ser direcionados para esses outros ramos de
investigação, valendo a pena ressaltar que o estudo, do ponto de
vista estético e simbólico, só poderá ser empreendido se for associado
a dados etnográficos de campo, porque nesse tipo de abordagem
específica busca-se compreender na peça o sistema de
representações subjacentes (RIBEIRO; VAN VELTHEM, 1992).

Enfim, a contextualização museológica desses artefatos
mostrou-se pertinente na medida em que, a partir desse
tipo de documentação específica, puderam-se levantar testemunhos
do mundo Karajá, que memorizam o estilo de vida
e de produção própria desses índios, que, poderiam, em determinado
nível, se perder pela falta de um registro dessa
natureza (LINHARES, 2004).

Nota
1 O acervo atualmente passa por um processo de mudança da antiga
reserva para a nova reserva técnica (Parque Zoobotânico para o Campus
de Pesquisa), com as peças acondicionadas em armários e climas adequados
a elas. A mudança acontece desde setembro de 2003.

Referências
DOMINGUES-LOPES, R. de C. Desvendando significados:
contextualizando a Coleção Etnográfica Xikrín do Catete. Dissertação
(Mestrado em Antropologia) – Universidade Federal do Pará, Belém, 2002.
FARIA, L. C. A figura humana na arte dos índios Karajá. Rio de Janeiro:
Museu Nacional, Universidade do Brasil, 1959.
FÉNELON-COSTA, M. H. A arte e o artista na sociedade Karajá. Brasília:
Fundação Nacional do Índio, 1978.
LIMA, T. A. Cerâmica indígena brasileira. In: RIBEIRO, D. (Ed.). Suma
etnológica brasileira. Petrópolis: Vozes, 1986.
LINHARES, A. M. A. Os múltiplos contextos dos objetos indígenas: uma
etnografia das bonecas de cerâmica Karajá. TCC – Universidade Federal
do Pará, Belém, 2004.
MOURA, R. T. Levantamento e descrição de artefatos indígenas
relacionados à pesca do acervo da reserva técnica Curt Nimuendajú.
Boletim Goeldi. Antropologia. Belém, v.17, n 2, 2001.
MPEG. Museu Paraense Emílio Goeldi/CNPq. Catálogo Informativo. Belém:
Diretoria de Divisão Científica, Serviço de Comunicação Social, 1981.
NETO, D. A. Prováveis reminiscências de uma lenda como determinantes
de algumas

* Este trabalho é resultado da pesquisa empreendida no projeto Coleções
Etnográficas: pesquisa e formação documental, orientado pela Dra.
Lúcia Hussak van Velthem
** Cientista Social com ênfase em Antropologia pela Universidade Federal
do Pará. Bolsista de Aperfeiçoamento da Reserva Técnica de Etnografia
Curt Nimuendajú do Museu Paraense Emílio Goeldi.

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